As crises do relacionamento e como enfrentá-las!
- Sandra Oliveira
- 13 de set. de 2021
- 4 min de leitura
Atualizado: 19 de set. de 2021
“Porque razão se parte para a união conjugal num ambiente de festa, pleno de expetativas de um florescimento individual e de uma felicidade a dois, e em cerca de metade dos casos se termina em divórcio?”
Daniel Sampaio

O significado social e individual do casamento ou união de facto, alterou-se ao longo dos anos. A procura da satisfação sexual dos dois elementos do casal tornou-se um traço mais dominante e hoje em dia as pessoas “casam-se”, não por negócio ou por conveniência como no tempo da era pré-industrial (grande parte dos nossos pais e avós), mas porque sentem amor, têm esperança que ele perdure para sempre, e o prazer a dois é um fator considerado essencial para a manutenção da relação conjugal.
Um dos muitos paradoxos que caracterizam os casais atuais é que procuram uma relação estável de afeto, colorida por uma sexualidade satisfatória. Mas a busca incessante do prazer, leva por vezes a secundarizar os sentimentos, desejos e inquietações do companheiro em vários campos, abrindo terreno à conflitualidade.
Mas estar numa relação por vontade própria, por amor, com muitos momentos de felicidade e construir algo em conjunto pode ser mais fácil do que pensa! É verdade.
Algumas sugestões podem evitar certos problemas:
Exprima com clareza as suas necessidades; assuma responsabilidades sobre o que diz e faz; não adie conversas importantes nem traga para as discussões acontecimentos passados e seja autêntico. Não é difícil, pois não?
A franqueza na comunicação é a base segura para a compreensão mútua. Crie uma nova linguagem de amor com o seu conjugue, vai ver que resulta muito bem.
Para durar a relação, a bondade e generosidade são importantes, mas tem de continuar a haver necessidade de um contínuo crescimento com espaço para o diálogo, para a comunicação clara, para partilhar tristezas e alegrias, planear e manter uma relação adulta. O desafio maior está na humildade em atuar respeitando o pensamento do próximo.
Ter relações saudáveis significa trilhar um caminho de maturidade pessoal, o que exige uma boa dose de conhecimento de si mesmo, tempo e paciência. Ter a capacidade de olhar para dentro de si, reconhecer virtudes, valores e principalmente as fragilidades.
O indivíduo que não tem a coragem de enfrentar e integrar as suas carências, os medos e as fantasias que muitas vezes se instalaram na sua infância acabará por as projetar no parceiro, abrindo portas ao conflito.
Normalmente temos dentro de nós um modelo de homem ou mulher “ideal” que acabamos por projetar no outro. No início de toda relação, a fase a que chamamos paixão, está carregada de idealizações e é nessa fase que as pessoas constroem “um mundo” para abrigar as fantasias de um relacionamento “perfeito”.
Aos poucos, com os conflitos e as crises – que são inevitáveis em toda a relação humana –, a imagem endeusada do parceiro vai perdendo consistência e passa-se do Eu ideal para o Eu real.
Quando o idealismo inicial já não corresponde mais ao comportamento do outro, surgem as “decepções” do dia-a-dia, que deitam por terra o conto de fadas do relacionamento perfeito.
A paixão funde-se em projeções e idealizações, já o amor tem bases no que é real.
Quanto mais a pessoa diferenciar as idealizações da realidade, mais saudável será no relacionamento.
O desenvolvimento de uma relação saudável vai depender da capacidade de lidar com as frustrações, com as próprias feridas e também com as dos outros. A tolerância à frustração faz com que a relação fique mais resiliente. É também a base para o perdão, sem o qual nenhum relacionamento sobrevive.
Quando as pessoas não suportam as frustrações, entram num jogo de relação de poder, e o relacionamento transforma-se numa competição de “quem manda mais” ou “quem (se) magoa mais”.
Segundo C. G. Jung: “Onde impera o amor não há desejo de poder. Onde há desejo de poder não há espaço para o amor. Um é a sombra do outro”.
Um relacionamento saudável dá espaço para que a pessoa seja ela mesma, mas atenção, respeitar a individualidade do outro não significa aceitar o seu individualismo. Percebem a diferença? O bem-estar de um relacionamento depende de equilíbrio, de saber a hora de ceder e de se opor, mas sempre com o pensamento de que o outro não é uma “propriedade” sua, nem deve ser aquilo que cada um acha que o ouro deve ser.
Não existe nenhuma varinha mágica que transforme uma relação da noite para o dia. Os relacionamentos saudáveis e equilibrados são fundados numa personalidade também ela saudável e equilibrada, coisa que só o tempo e a experiência de vida podem levar à tranquilidade e prazer de uma vida a dois.
Sem sombra de dúvida que o tempo é o melhor amigo de um relacionamento, permitindo que se corrijam certas imperfeições que desgastem a relação - isto se tivermos a coragem de nos enfrentarmo-nos na difícil tarefa de nos conhecer, de avaliar as nossas emoções, fragilidades e pontos fortes. Para isso é necessário tempo e um esforço diário de introspeção. Mas o tempo pode também ser uma desvantagem para quem deixa que os dias, as semanas, os meses e a vida passem por nós sem que sejamos capazes de nos autoavaliarmos e darmos passos em frente. O tempo é cruel com quem estaciona. As pessoas que não se deixam moldar pelo tempo são castigadas por ele, transformando-se em pessoas agarradas às suas marcas de personalidade e carater, rigidificadas nelas, sem vontade e energia para as alterar.
Se se identifica com alguns dos passos acima e, de certa forma, já os está a colocar em prática, pode-se considerar uma pessoa que caminha para o sucesso na aventura de Ser para o Outro.
Estamos aqui para ajudar cada casal a encontrar espaço e tempo para um melhor relacionamento, que permita o seu pleno desenvolvimento como pessoas, e ganhe uma base para uma conjugalidade que garanta o afeto e a segurança da família.
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