A pressa não é boa conselheira para decisões importantes nas relações!
- Sandra Oliveira
- 21 de mai. de 2024
- 4 min de leitura
A pressa não é uma boa aliada quando se trata de tomar decisões importantes.
Falemos, por exemplo, de compromissos amorosos, que frequentemente são assumidos antes do desenvolvimento adequado do relacionamento.
Há sempre familiaridade com aqueles relacionamentos que surgem inesperadamente e desenvolvem-se sem controlo, em curto espaço de tempo.
É provável que o cupido tenha cumprido com êxito a sua tarefa e estejamos diante de um grande amor, que se manifestou desde o início. Contudo, é possível que esse grande amor seja abalado pelo excesso de pressa, presente em muitos dos relacionamentos amorosos.
Acontece em casais que sentem o tempo como uma guilhotina afiada sobre as suas cabeças. Queimam etapas a uma velocidade avassaladora e, quando menos esperam, o relacionamento parece esgotado.
A pressa faz querer viver tudo num único momento, mas, de repente, ficam só cinzas que se concretizam em sentimentos de desinteresse e tédio.
A paixão faz com que as pessoas fiquem felizes, se idealizem e queiram continuar assim por muito tempo. Se o casal não se apressar, pode prolongar esse sentimento.
Durante a primeira fase de um relacionamento amoroso, as hormonas apresentam um nível de intensidade tão intenso que muitas pessoas se sentem literalmente imersas em amor.
É a etapa no qual o outro preenche todas as lacunas do pensamento. Os olhos brilham e as borboletas no estômago movimentam-se, como se alguém estivesse prestes a interromper a sua paz.
Nenhum dos envolvidos tem dúvidas de que encontrou o amor da sua vida. Essa combinação de hormonas, que afeta uma grande parte da química cerebral, pode influenciar significativamente o julgamento do outro e a sua capacidade crítica. Sim, o amor pode ser cego ou, pelo menos, míope ao discutir a lógica.

Alguns casais cometem um erro nesta fase, o fechar prematuramente o compromisso. O desejo de desfrutar de tudo de uma só vez nos relacionamentos, devido à falta de racionalidade, leva a quererem viver num amor cego e absoluto sem que muitas áreas das suas personalidades e formas de viver ainda não tenham sido avaliadas.
Daí surgem promessas, juramentos, acordos e acesso inesgotável à vida do outro. Por outro lado, ninguém dá um passo atrás com medo de que o outro faça.
A pressa não é boa conselheira para decisões importantes. Há casais que pensam em ter um filho quando o relacionamento ainda não atingiu o primeiro aniversário. Ou avançam para áreas mais comprometedoras sem conhecer o outro, sem ter uma cumplicidade estável, sem terem partilhado valores, interesses e situações que estruturam a identidade de cada um.
A consolidação de um casal requer muito mais do que uma revolução hormonal. É preciso conversar, aprender a comunicar e criar uma linguagem de amor. Aprender a humildade e a escutar as necessidades do outro. É de suma importância conceder tempo para que esse processo de moldagem mútua seja implementado.
Apesar de, no início da relação, se poderem sentir como duas almas gémeas, é necessário respeitar o tempo para as diferenças aparecerem e serem criados mecanismos pacíficos para superá-las. A pressa impede a perceção dessas discrepâncias nos relacionamentos. Apesar de, às vezes, serem consideradas importantes, elas não são consideradas relevantes.
Na primeira fase, as pessoas aceitam tudo que vem do outro, sem pensar muito sobre isso. É perceptível, uma vez que, nesta primeira etapa, o objetivo explícito é atingir o mais elevado nível de identificação com o vínculo criado.
Há muitas pessoas que estão sedentas de intensidade. Elas sentem-se vivas apenas quando a razão tem um peso menor que a emoção e repentinamente se entregam, sem reservas, a experiências que escondem os problemas de que é feito o quotidiano.
A primeira fase do amor é uma experiência maravilhosa, mas é importante entender que é apenas um momento do relacionamento e não a globalidade do relacionamento em si.
Os desejos de reformular planos surgirão, como o desejo de viver juntos e criar um núcleo. Mas, o que sobe muito rápido desce também muito rápido… e não há descida pior do que a que resulta do confronto com um ser humano, antes idealizado, e, que de repente, quebrados “os óculos da idealização” se vem a descobrir que pouco ou nada se assemelha com o ser antes percecionado.
A convivência em casal talvez não seja tão misteriosa quanto era. Muitas vezes, os casais não deixam o relacionamento crescer e acabam-se por se separar antes que ele cresça.
Pensamos que quando paramos um pouco para conversar, podemos fazer com que a cumplicidade se torne uma base para a confiança e apoio mútuos.
Na pressa, vivemos tudo de maneira tão crua que é difícil estabelecer conexões, tudo é rapidamente descartado e sem sabor. Na pressa e na vontade de ter alguém ao nosso lado, escolhemos o nosso destino solitário. Em outras palavras, na pressa, sem perceber, criamos desamor.
Se puder, acalme a ansiedade, caminhe com mais tranquilidade e firmeza para o que quer. Não perca o seu ritmo interno e não permita que outra pessoa o faça caminhar a uma velocidade que não seja sua.
Desejo-lhe felicidade, com tranquilidade.
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